sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sinais

Você conhece alguém, a afinidade é instantânea...
Conversam sobre qualquer assunto, desde o último capítulo eletrizante da novela das 8 até o resultado do campeonato de futebol de botão da Finlândia. Tem os mesmos gostos, senso de humor parecidíssimo, as conversas táteis – mão no braço, no ombro, na perna – a empolgação nos gestos durante a conversa, a alegria aparente quando estão na companhia um do outro...
Ele lembra de tudo que você conversa com ele, é pontual, atencioso e um ótimo ouvinte... Parece ótimo! Um partidão! Você acha que o seu interesse por ele está mais que óbvio e que ele já percebeu... E fica na espera de algo que indique que ele também está na sua, uma frase, um gesto... Ou seja, você está à espera de sinais...
Sinais são algo que buscamos durante várias fases na relação: de início, queremos simples toques da pessoa de que ela está afim, de que podemos avançar, investir, alimentar uma paixonite, falar mais perto, tocar o braço, demorar no abraço e jogar olhares fatais... ui.Mais adiante, esperamos o sinal verde de estabilidade, confiança, amor (quem sabe?)... e pra amar deve haver um trampolim; um trampolim pra uma piscina cheia de incertezas que a gente acredita mesmo tento todos os alertas do mundo pra não acreditar. Pra acreditar, precisamos do sinal “SE JOGA!”. Como saber se vamos cair numa piscina vazia? Rasa? Olímpica? Ou cheia de bichos? Ou turbulenta? Ou numa hidro? Pelos sinais...
Eles são demonstrações de que você pode se aproximar da pessoa, ficar mais e mais íntima (e isso nem é no sentido físico, mas naquelas coisas emocionalmente complicadas) e sim, acreditar, nem que seja por alguns meses, que felicidade existe, que amor existe, que Papai Noel e a rena Rudolph existem. E que ambos tem narizes vermelhos. Menos você, claro.É sim, o jeito de saber que o próximo passo não será num terreno arenoso, que o nariz de palhaça não vai ser seu e que aquele abraço é sincero. E isso é perceptível em cada gesto de cuidado, cada delicadeza nas palavras postas, cada pestanejar demorado, nos recados, nas risadas, nos bilhetes, no despertar e adormecer juntos, no enlaçar de pernas e na atenção que se dá ao outro. Atenção, que é diferente de monopólio.
Tudo isso fala por si... é um “vem cá” dito de outras formas.
E por que não tomamos uma atitude mesmo antes desse sinal aparecer (e se aparecer?) Simplesmente por medo! Medo do que isso possa fazer com a amizade entre vocês, principalmente se estão num ambiente de convivência diária, como trabalho ou faculdade... Medo de expôr a sua face mais sensível e ao mesmo tempo frágil, porque aí ficamos mais propensas a ter uma decepção maior se algo não sai como o planejado...
Medo de se apaixonar perdida e inconsequentemente por alguém e não agüentar o tranco de ter um relacionamento promissor – é paradoxal mas existe sim, eu juro! E enfim, o medo dele não corresponder aos seus sentimentos e você ficar com cara de tacho.Nem sempre os sinais vem, o que evoca sentimentos de rejeição e questionamentos de toda sorte, tipo: “eu vi coisa onde não tem?”, “será que ele não quer se envolver?”, e todo esse lenga lenga reflexivo e pseudo-masoquista que a gente adora fazer. Acho que diante de dúvidas, nada como uma boa conversa. A sondada com o flerte, ... o que importa é, além do senso investigativo, manter a calma, o bom-humor e cultivar o hábito do diálogo.

Nenhum comentário: