quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui. Ontem, eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é. "

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A irritação era a tentativa grosseira de esconder uma tristeza pela qual eu não estava aceitando chorar, talvez por medo. A irritação era a casca espessa que cobria uma tristeza engasgada. A irritação era um disfarce fajuto. Era um desses jeitos transitórios de defesa. Era a manifestação equivocada de uma dor que eu tentei represar. Bobagem isso de contermos, às vezes, o nosso choro. Chorar lava. Cria espaço. Ajuda a desapertar. O embaraço começa é quando não assumimos o sentimento da vez, seja lá qual for.

Algumas tristezas não são tão isoladas como, para facilitar o processo, costumamos considerar. Algumas tristezas doem num volume tão alto que acordam as tristezas vizinhas de porta. Algumas, inclusive, são capazes de acordar andares inteiros da memória, um alvoroço só. Tentamos fugir disso, de várias maneiras, sempre que dá, mas não dá para fugir pra sempre. A fuga é só adiamento quando a dor continua à espreita, inventando disfarces, crescendo em silêncio.

Chorei. Pela tal tristeza e pela vizinhança acordada. A irritação? Que irritação?
Ficou na memória dos meus olhos o clarão do sorriso dos seus.
Depois disso, tudo o que sorri pra mim com algum sol faz eu lembrar de você.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Não gosto da incoerência das coisas. Do jeito como, em um dia, algo é tão insignificante pra você e logo em seguida, torna-se um hábito. É difícil adquirir novos hábitos, mas é mais difícil ainda se livrar deles depois. Eu não sou adepta das mudanças. Gosto das minhas coisas como sempre foram, acho que porque acho minha vida linda do jeitinho que ela é. Hábitos novos, principalmente quando esse hábito toma a forma de uma pessoa, costumam me tirar um pouco do fôlego. Me deixam sem saber qual direção tomar, já que a que eu percorria não é mais válida, porque ficou muito estreita pra um só. Tem que aumentar o coração e deixar mais um espaço livre pra possíveis dores futuras. Que virão, porque sempre vem. E meu coração que já estava todo embrulhado, pacote fechado, agora se desdobra tentando de algum jeito abrir mais uma vaga, e o instinto o empurra pro lugar de origem dizendo que não, que melhor não, que agora não, ainda não. E minha cabeça, que nunca foi muito com a cara do meu coração, continua se perguntando porque diabos ele tem que fazer isso todas as vezes, só pra deixá-la toda embaralhada depois, limpando a confusão.