terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Era uma vez uma mulher poderosa

"Era uma vez uma princesa que ficava a esperar o seu príncipe encantado. Passaram-se 100 anos e o príncipe, após enfrentar dragões e armadilhas, finalmente pôde salvar a princesa. Então eles viveram felizes para sempre. A estória infantil foi contada por décadas. São APENAS contos de fadas, alguns diriam, e é salutar preservar essa imagem virginal da mulher e a brutalidade do homem (?). Será que continuar com esse esteriótipo patriarcalista fará as futuras mulheres se sentirem culpadas por não terem o desejo de se casar como suas heroínas da infância?

O homem não é mais o único provedor da casa, muitas vezes nem é provedor de nada. A mulher não passa o dia esperando o homem voltar para casa, quiçá 100 anos. Nada mais justo que adequar novos paradigmas aos livros infantis. Acredito que seja uma forma de encorajar as futuras mulheres, sem que elas se sintam um E.T. por seu ideal de vida ser trilhar uma carreira de sucesso ou fazer viagens intermináveis. As mulheres podem optar por serem felizes com seus bichos de estimação e podem, sim, encontrar o seu príncipe encantado com cara de mocorongo.

Aproximar a realidade das meninas farão com que elas não idealizem mundos e fundos com essa macharada que anda BEM sacaninha. Longe de querer que as estórias sejam contadas num tom feminista, contagiando-as a queimar o sutiã PP antes mesmo de usá-los. Mas a ideia é valorizar o feminino, quebrar o estigma da mulher frágil e impotente. Aquela que fica à espera de um homem para ser feliz não deve ser o ÚNICO PERFIL da mulher em livros infantis. Também não quero esbarrar no chumbo trocado, onde a mulher abertamente se masculiniza. O que proponho são livros onde a mulher chegue à presidência ou faça viagens incríveis e que seja feliz porque agarrou as oportunidades com unhas e dentes. Oportunidades para ser feliz, não necessariamente com um homem.

Longe de levantar essa bandeira e ser sexista, os livros infantis com temas que valorizam a mulher vão no meu ponto de vista encorajá-las a seguirem seus sonhos (como nos contos de fadas), sem que elas criem conceitos pré-estabelecidos (preconceitos mesmo) de como devem ser felizes."

Texto retirado do Corporativismo feminino

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